Carrefour: quais os impactos do boicote nos resultados e no desempenho das ações da empresa?
25 Novembre 2024 - 2:33PM
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As notícias sobre o boicote ao Carrefour Brasil ganharam forças
nos últimos dias, com analistas atentos aos possíveis
desdobramentos sobre os números da varejista de alimentos.
Durante o fim de semana, diversos veículos de imprensa
noticiaram que os principais produtores de carne bovina do Brasil,
incluindo JBS, Marfrig e MasterBoi, pararam de fornecer carne
bovina para todas as lojas do Carrefour Brasil (BOV:CRFB3). O
boicote é uma resposta à declaração do CEO global do Carrefour na
França para interromper as compras de carne da região do Mercosul,
que supostamente não estavam aderindo aos padrões franceses.
O boicote dos produtores brasileiros começou na última
sexta-feira (22), com estimativas indicando que mais de 100 lojas
Carrefour, Atacadão e Sam’s Club no Brasil foram impactadas, o que
sugere escassez de carne bovina em breve em algum momento. Os
produtores brasileiros de carne bovina estão aguardando uma
retratação do Grupo Carrefour para possivelmente suspender o
boicote.
A declaração do CEO global do Carrefour tem como pano de fundo o
acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia assinado em 2019 e
previsto para ser implementado em 6 de dezembro de 2024, na próxima
reunião do Mercosul. Este acordo gerou protestos em países da UE.
Na semana passada, a situação se agravou na França, com fazendeiros
franceses protestando, bloqueando estradas e queimando equipamentos
públicos para pressionar o governo contra o acordo Mercosul-UE.
No final de outubro, o CFO da Danone disse à Reuters que havia
parado de comprar soja do Brasil, mas depois a empresa publicou uma
nota negando a declaração. Outro varejista francês, a Les
Mousquetaire, dona das redes Intermarché e Netto, também disse que
não venderia carne do Mercosul, apoiando fazendeiros franceses
locais.
Para o Bradesco BBI, a notícia é negativa para CRFB3. “Estimamos
que a carne bovina seja responsável por cerca de entre 4% e 5% das
vendas totais do Carrefour, correspondente a um Ebitda [lucro antes
de juros, impostos, depreciações e amortizações] de um dígito baixo
e, especialmente, é uma categoria importante para direcionar o
tráfego para varejistas de alimentos”, avalia o banco.
Nesta fase, avalia o banco, ainda é muito cedo para avaliar o
impacto total do boicote, pois os níveis reais de falta de estoque
nas lojas Carrefour e a velocidade com que eles podem aumentar
permanecem incertos. No momento, o banco tem recomendação
outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à
compra), com preço-alvo de R$ 10, ou potencial de alta de 51%
frente o último fechamento.
O JPMorgan reforça que a JBS teria aderido à interrupção e,
neste contexto, a Friboi (marca da companhia) é a maior marca de
carne bovina do Brasil e ancora os serviços de açougue das lojas
Atacadão, ao mesmo tempo em que tem geladeiras dedicadas na maioria
dos formatos. Cerca de 30% a 40% das lojas do Carrefour estariam
mostrando sinais de escassez de carne bovina, em meio ao ainda
ruído limitado em produtos de frango ou carne suína. Já o Carrefour
Brasil negou qualquer escassez em suas lojas.
Para o JPMorgan, a volatilidade das ações deve aumentar em meio
ao fluxo de notícias. Olhando para as principais lojas de
cash&carry, ou atacarejo (correspondente a 70% das vendas), o
banco estima que as proteínas (como um todo, não apenas a carne
bovina, que parece ser a categoria mais afetada) representam cerca
de 25% das vendas totais, sendo a segunda macrocategoria mais
relevante atrás de alimentos secos (cerca de 40%).
“No entanto, sinalizamos que o Carrefour ainda está aumentando
os serviços de açougue em suas lojas de cash&carry (com 151 de
374 locais), enquanto a maior parte dos volumes de proteína
vendidos são congelados ou secos. Enquanto isso, os serviços de
açougue normalmente operam com 5 a 7 dias de estoque”, aponta o
JPMorgan.
Assim, limitam os impactos materiais de curto prazo se uma
solução for encontrada em breve – que a princípio seriam desculpas
formais do presidente-executivo global da gigante francesa,
Alexandre Bompard, em nome do Grupo Carrefour.
Ainda assim, como o nível de ruído permanece elevado, isso
coloca em risco a campanha promocional da Black Friday e a esperada
aceleração das vendas nas mesmas lojas (SSS) em meio ao aumento da
inflação de alimentos no 4T24 (quarto trimestre de 2024). O
JPMorgan tem recomendação neutra para os ativos CRFB3.
Informações Infomoney
CARREFOUR ON (BOV:CRFB3)
Graphique Historique de l'Action
De Oct 2024 à Nov 2024
CARREFOUR ON (BOV:CRFB3)
Graphique Historique de l'Action
De Nov 2023 à Nov 2024