Eletrobras assina acordo para venda de seu portfólio de termelétricas para a Âmbar Energia
10 Juin 2024 - 1:51PM
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A Eletrobras assinou acordo para venda de seu portfólio de
termelétricas para a Âmbar Energia, do grupo J&F.
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:ELET3) (BOV:ELET5)
(BOV:ELET6) nesta segunda-feira (10).
Segundo a companhia elétrica, o acordo tem valor total
de R$ 4,7 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhão em earn-out.
A Âmbar assume imediatamente o risco de crédito dos contratos de
energia associados a essas usinas, que somam 2 gigawatts (GW) de
potência.
VISÃO DO MERCADO
O JPMorgan avalia a venda como neutra pelo valor em si, mas
muito positiva sobre a mitigação de riscos. Isso porque a venda
está alinhada com a estimativa de R$ 3,3 bilhões do banco, quando
exclui os earn-outs, sendo positiva para a estratégia de
descarbonização da Eletrobras.
No entanto, segundo o JPMorgan, o principal destaque é a
mitigação dos riscos relacionados aos recebíveis da Amazonas, que
são transferidos para a Âmbar. A Eletrobras possui um recebível de
R$ 7,3 bilhões da Amazonas Energia devido a inadimplências
passadas, e atualmente está inadimplente em outros R$ 430 milhões
por trimestre, impactando significativamente os resultados.
“A transferência dos contratos significa a eliminação de uma
potencial perda de R$ 1,7 bilhão por ano para a Eletrobras (2% do
valor de mercado). A troca dos recebíveis por uma participação na
distribuidora é uma matemática mais complexa de se fazer, dado que
dependerá das condições da distribuidora, mas, considerando que
atribuímos valor zero a esses recebíveis, vemos esse acordo como um
potencial positivo”, explica o JPMorgan.
O Itaú BBA também considera o negócio altamente positivo e
reitera classificação outperform (desempenho acima da média do
mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 59,60 para ação
ordinária da companhia.
“A empresa estabeleceu com sucesso um quadro de transações
robusto, com vantagens claras, ao mesmo tempo que abordou questões
importantes relacionadas com o crédito”, comenta BBA.
Na semana passada, a Eletrobras fez captação de R$ 10,9 bilhões
para aumentar sua liquidez de curto prazo, posicionando a empresa
para capitalizar oportunidades emergentes. O BBA avalia que esse
movimento pode indicar progresso no sentido de uma potencial
resolução com o governo federal relativamente à disputa de direitos
de voto, necessitando potencialmente de mais de R$ 20 bilhões em
pagamentos anteriores da CDE (Conta de Desenvolvimento
Energético).
Além disso, o potencial desinvestimento de participações
minoritárias em outras empresas poderia gerar R$ 5 bilhões extras.
Consequentemente, com os recursos da emissão de dívida e da venda
de ativos, a Eletrobras teria os recursos necessários para a
liquidação. É importante observar que não há confirmação oficial de
um acordo neste momento.
Na mesma linha que BBA e JPMorgan, o Bradesco BBI avalia a
transação como positiva, pois estimava que essas unidades de
geração térmica valiam entre R$ 4,5 bilhões a R$ 5,0 bilhões
“Mais importante ainda é o fato de a Eletrobras finalmente
acabar com o risco de ter que negociar com a Amazonas, à qual está
vinculada a maior parte da receita dessas termelétricas”,
ressalta.
De acordo com BBI, outra externalidade positiva deste negócio é
a redução da geração não renovável no portfólio da companhia. O
portfólio consolidado da Eletrobras passará a ser composto por
geração 100% renovável (hídrica, em sua maior parte).
O único ativo não renovável que restará no portfólio da empresa
será a sua participação minoritária (não consolidada) nas usinas
nucleares de Angra (controladas pelo governo federal). Obviamente,
este é um ativo mais complexo de sair, visto que envolve
expectativas sobre a construção do projeto greenfield de Angra III,
que foi acordado no momento da privatização da Eletrobras, mas que
poderia fazer parte de uma negociação em condições de igualdade com
o governo. Não quero abandonar o litígio do limite de votos de
10%.
Segundo estimativas do BBI, alavancagem pós-negócio da
Eletrobras permaneceria relativamente estável, além da entrada de
caixa de R$ 4,7 bilhões (preço de venda).
Por fim, o BBI mantém classificação equivalente à compra para
ELET6 e preço-alvo de R$ 59.
Informações Reuters e Infomoney
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