A locadora de carros Movida registrou um lucro líquido de R$
21,0 milhões no primeiro trimestre de 2023, apresentando queda de
91,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
De acordo com a companhia, o lucro foi impactado pelo aumento
das despesas financeiras em decorrência da elevação das taxas de
juros e do nível da dívida bruta da companhia.
A receita líquida foi de R$ 2,7 bilhões no
1T23, apresentando alta de 41,9% na comparação com o 1T22. A alta é
justificada pelo aumento da frota em aluguel de carros (RAC) e
gestão de frotas (GTF), do maior volume de carros vendidos e da
evolução do ticket médio em todas as linhas de negócios.
O Ebitda – juros, impostos,
depreciação e amortização – atingiu R$ 875,3 milhões no 1T23,
apresentando crescimento de 1,4% na comparação com o 1T22.
Em função dos maiores gastos com depreciação no período, o lucro
operacional (Ebit) no primeiro trimestre de 2023 foi de R$ 485,3
milhões, contraindo em 25,4% na relação ano contra ano.
Nos primeiros três meses de 2023, a receita líquida cresceu
41,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 2,7
bilhões “em decorrência do aumento da frota em RAC e em GTF, do
maior volume de carros vendidos e da evolução do tíquete médio em
todas as linhas de negócios”.
A receita líquida do RAC atingiu a marca de R$ 701 milhões,
um aumento de 26,9% em relação ao 1T22, decorrente da expansão de
9,1% na receita média mensal por carro e da adição de mais de 13,5
mil carros na frota operacional. Os números refletem a nova escala
operacional da Companhia, a transformação dos tickets e o maior
foco em produtos eventuais. Frente ao 4T22 a redução de 3,5%
deve-se também à sazonalidade da operação de Portugal.
A receita de Seminovos alcançou a marca de R$1,5 bilhão no
1T23, com crescimento de 50,3% versus o 1T22 e de 4,2% frente ao
4T22.
A receita líquida de GTF atingiu R$538,8 milhões, alta de 42,1%
em relação ao 1T22 e alta de 8,8% em relação ao trimestre anterior,
em função, em suma, do aumento do número de carros e na alta do
ticket médio.
Em seminovos, foram vendidos 19.610 carros, superando em 28,8% o
volume de vendas do mesmo período de 2022 e em 4,9% o volume do
4T22. Durante o ano a Companhia realizou a adição de 9 novos pontos
de venda, movimento que permite uma melhor performance no
varejo.
A frota total no final do período foi de 213 mil carros, uma
redução de 11 mil carros em comparação ao 4T22. No RAC reduzimos a
frota em 13 mil carros, o que representa cerca de R$ 1 bilhão de
capital investido.
O ROIC LTM atingiu 14,5% com spread de 4,9 p.p., ao passo que o
ROE LTM ficou em 10,6%. Os indicadores refletem a elevação dos
patamares de taxa de juros e depreciação, bem como da trajetória de
normalização do mercado de seminovos.
O resultado financeiro foi uma despesa no montante de R$ 474,7
milhões, representando um aumento de 65,2% em relação ao 1T22 e uma
queda de 5,3% frente ao 4T22. As variações ocorreram em função
principalmente de aumento da taxa SELIC, que finalizou março de
2022 em 11,75% a.a., atingindo o patamar de 13,75% a.a. em março de
2023; aumento de R$ 2,8 bilhões na dívida líquida em relação ao
1T22 e; efeito positivo do reconhecimento da recompra parcial de
bonds em dólares americanos, com vencimento em 2031.
A dívida líquida finalizou o trimestre em R$ 11,3 bilhões
crescendo R$486 milhões devido à redução do caixa pra R$ 3,9
bilhões após pagamento de carros comprados em 2022. A posição de
caixa atual cobre a dívida bruta até meados de 2025 e o prazo médio
da Dívida Líquida era de 5,6 anos no 1T23. Como reflexo do
mencionado acima a alavancagem da Companhia medida pelo indicador
dívida líquida/EBITDA, finalizou o 1T23 em 2,9x.
Teleconferência
Na teleconferência de resultados do primeiro trimestre de 2023
(1T23) a analistas de mercado, nesta quarta (26), Gustavo
Moscatelli, CEO da Movida, destacou que a empresa segue na busca de
geração de valor e foco na eficiência operacional.
A empresa iniciou o projeto de atender de forma dedicada
motoristas de aplicativos. A marca Moover foi criada pela empresa
para esse fim.
“É uma iniciativa nossa de otimizar o capital investido na
companhia, com a cabeça de alongar a vida útil de uma parte da
frota. Esse é um nicho de mercado que a gente entende que tem
potencial de crescimento”, disse Moscatelli.
“Ela não será representativa como é nos concorrentes. Mas ela
vai ser bastante rentável, uma vez que a gente não está colocando
capital investido novo. A gente só está utilizando o capital
investido já depreciado”, complementou.
A Movida pretende direcionar todos os motoristas de aplicativo
para a marca Moover e inclusive serão abertas lojas independentes
da marca do segmento rent a car (aluguel de carro).
O CEO disse que o projeto começou há 15 dias com 500 veículos
com “muito boa aceitação”. Segundo o executivo, tem uma parte
importante da frota da companhia que faria mais sentido estender a
vida útil e isso será feito através da Moover.
“A gente fazer adaptações ao longo da vida da companhia para
atender determinadas demandas e se estruturar para os momentos
macroeconômicos, faz parte da gestão”, justificou a criação da
marca exclusivamente voltada para atender motoristas de
aplicativos.
Seminovos
A Movida chegou a ter um bom resultado com a venda de carros
seminovos no 1T23 – as vendas cresceram 28,8% com preço médio 16,5%
maior, em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Mas Gustavo
Moscatelli mostrou preocupação com o segmento, dado o momento de
aperto de crédito.
“O mercado de seminovos está bastante duro. A gente viu no
primeiro trimestre o mercado aceitando determinados perfis de
carro, mas de forma geral está bastante duro por conta do cenário
macroeconômico. A restrição do crédito está impactando no carro. A
gente vê muito mais negativas nos créditos que os clientes estão
solicitando aos bancos”, destacou.
A empresa já se programou para não ter aumento do preço médio da
diária do aluguel de carro esse ano devido ao cenário
macroeconômico e com bastante volatilidade.
“Nosso planejamento do ano está totalmente embasado na melhoria
operacional, com redução de custo e melhorias na taxa de ocupação,
embora acredite que tenha oportunidade de aumento do tíquete médio
da diária”, comentou.
“Nosso concorrente está renovando a frota com tíquete médio mais
alto. A gente percebeu nos últimos 60 dias ele com diária média
muito próxima da nossa, o que até o último trimestre não era uma
verdade – a gente estava com tíquete médio de 10 a 15% acima do
concorrente. Isso pode gerar upside aqui, mas a gente não conta com
isso (aumento do tíquete médio)”, acrescentou.
VISÃO DO MERCADO
XP
Em relatório, a XP destacou que a Movida reportou resultados
fracos, embora o lucro líquido tenha surpreendido positivamente,
uma vez que a projeção da casa era de prejuízo de R$ 26
milhões.
As principais surpresas foram: margem Ebitda de Seminovos acima
do esperado (ambos nos níveis de Custo de Produtos Vendidas e
despesas administrativas) de 5,9% (+3,9 pontos percentuais versus
sua estimativa de 2,0%, caindo apenas 1,6 ponto na base
trimestral); e cerca de R$ 14 milhões de exclusões fiscais que
resultaram em alíquota de impostos positiva.
“Embora a alta depreciação e os resultados financeiros líquidos
continuem prejudicando os resultados, damos as boas-vindas aos
esforços de recuperação anunciados recentemente pela empresa e
reiteramos nossa classificação de compra”, apontaram os analistas
da casa.
A XP aponta também entre os destaques positivos: RaC, que
apresentou melhor margem Ebitda no trimestre (+3,5 p.p. ante o
4T22) apesar de receita mais fraca (receita líquida -3% ao ano, com
volumes estáveis e tarifas em queda em sazonalidade mais fraca);
forte desempenho operacional em Aluguel de Frotas (receita +9% ante
4T22) com: tarifas +9% após a continuidade da estratégia de
reprecificação; e volumes estáveis no trimestre; Margem Ebitda de
Seminovos normalizando de forma mais gradual do que esperavam,
atingindo 5,9% (+3,9 pontos versus estimativa da casa de 2,0% e
caindo apenas 1,6 p.p. na base trimestral); e a posição de dívida
líquida geral diminuiu como consequência da estratégia de redução
de frota da empresa (dívida líquida + fornecedores caiu R$ 736
milhões, queda de 5,6% no trimestre, para R$ 12,3 bilhões).
Entre os pontos negativos, o menor crescimento implica em escala
relativa menor em relação à concorrência (redução líquida da frota
de – 11 mil carros na base trimestral, com RaC respondendo por -13
mil carros), em um esforço para ajustar o desempenho operacional;
fraco desempenho de receita no RaC (-3% no trimestre), com
crescimento de volume de 2%, em parte devido ao aumento de 1,8 p.p.
nas taxas de utilização. T/T; e redução tarifária de 5%
(parcialmente em linha com a sazonalidade do trimestre); níveis de
depreciação ainda elevados para RaC, estável versus níveis recordes
do 4T22 (em R$ 10,2 mil/carro ao ano); e para Aluguel de Frotas,
+12% no trimestre (R$ 4,2 mil/carro ao ano).
Os resultados da Movida (BOV:MOVI3)
referentes suas operações do primeiro trimestre
de 2023 foram divulgados no dia 26/04/2023. Confira o Press Release!
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Reuters
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