Pouco mais de dois anos após a sua estreia na Bolsa, a Getninjas
esteve nos holofotes do mercado nas últimas sessões, após o
Conselho de Administração da plataforma online aprovar uma redução
de capital de R$ 223 milhões. Operação esta que, na prática, fará
com que a empresa devolva praticamente todo o seu caixa aos
acionistas.
A companhia levantou R$ 482 milhões na abertura há dois anos e
propõe agora devolver um valor equivalente a R$ 4,40 por ação, em
linha com a cotação atual das ações, mas mais de 70% abaixo do
valor das ações quando houve o IPO (ação foi precificada a R$ 20).
Ao final do segundo trimestre, a empresa tinha posição de caixa de
R$ 270 milhões.
Enquanto a operação pode ser vista como “um presente” para os
acionistas que estão com as ações há pouco tempo (no começo de
abril, as ações negociavam entre R$ 2,10 e R$ 2,20), ela também
gerou muitas discussões no mercado.
Além de devolver um valor abaixo do que captou na abertura de
capital (com a visão de parte do mercado de que estaria preterindo
os investidores de longo prazo versus o de curto prazo), outra
questão levantada foi: afinal, se a empresa não tinha o que fazer
com o capital, por que fez o IPO?
Em algumas declarações à imprensa durante o fim da semana
passada, Eduardo L’Hotellier, CEO e fundador da Getninjas, apontou
que o excesso de capital é um problema e que a redução de capital
proposta é bem diferente de uma oferta pública de aquisição (OPA)
para fechamento de capital. Ele apontou que não há planos para sair
da Bolsa.
Ao Brazil Journal, L’Hotellier apontou a expressiva mudança de
cenário de mercado nos últimos dois anos, com a taxa de juros
saindo de 2% para mais de 13%, o que aumentou muito o custo de
capital.
“Qualquer projeto tem que dar um retorno muito maior para
justificar o custo do dinheiro não estar na Selic,” disse, também
apontando que o custo dos investimentos em marketing também
aumentou muito, o que fez a empresa reduzir o capex. Além disso,
apontou que fazia parte do plano do IPO usar os recursos para fazer
operações de fusões e aquisições.
Contudo, após a oferta, não foi possível porque o valuation das
empresas privadas estava muito inflado, apontou. “Agora que os
valuations estão mais atrativos é difícil fazer por uma questão
técnica: como nossa ação está negociando abaixo do que tínhamos em
caixa, isso é um estímulo para os acionistas exercerem o direito de
recesso nessas transações, pedindo o resgate do dinheiro”, afirmou
à publicação.
Enquanto o CEO da empresa defende a redução de capital,
acionistas já se movimentam para potencialmente barrar a
operação.
Cabe ressaltar que a proposta da administração da Getninjas
(BOV:NINJ3) ainda precisa ser aprovada pelos acionistas, em
assembleia a ser realizada no dia 23 de outubro.
Neste contexto, na última sexta-feira (22), foi divulgado que a
Reag Investimentos chegou a uma fatia de 24,38% da Getninjas, por
meio de um de seus fundos de investimento, tornando-se a maior
acionista.
A Reag tem comprado papéis da empresa durante o mês e afirmou,
em nota, que quer se tornar um acionista relevante e propor um novo
plano de negócios, que seja baseado em aquisições de empresas
próximas ao negócio principal da companhia.
Na nota divulgada na sexta, a Reag ressaltou que até a presente
data, o Fundo e/ou a gestora não participam da administração da
Getninjas ou participaram de qualquer deliberação dessa.
A gestora prossegue ao dizer que foi surpreendida com a
convocação de assembleia geral de acionistas para deliberar a
redução de capital.
Para ela, embora em primeiro momento a proposta de redução de
capital tenha elevado o preço de negociação das ações, referida
redução poderá resultar em perda de valor da Getninjas, limitar o
crescimento e impedir a realização do plano de negócios no qual se
embasou a oferta pública inicial de ações da Getninjas.
Assim, em primeira análise, a gestora se mostrou é contrária à
redução de capital e tem a intenção de manter sua estratégia de
investimento.
A Reag apontou que, até a data da Assembleia Geral de
Acionistas, buscará entender junto à administração da Getninjas os
fundamentos para a proposta da redução e, junto aos demais
acionistas o entendimento desses quanto a sua percepção em relação
à redução e aos rumos da Getninjas.
“A Reag não descarta a hipótese de vir a exercer os votos das
ações detidas pelo Fundo contra a redução de capital, caso, após
referidas conversas, entenda que esse é o melhor para a Getninjas e
para o investimento realizado pelo Fundo”, concluiu no
comunicado.
Atualmente, a Getninjas conta com uma base acionária dispersa,
com muitas pessoas físicas. Cabe ressaltar ainda que, enquanto a
Reag elevou a sua fatia na empresa, a Oceana Investimentos e Alpha
Key, que tinham uma fatia de pouco menos de 10%, venderam ações nos
últimos dias. A Indie ainda ainda conta com cerca de 9% do
capital.
informações infomoney
REAG Investimentos ON (BOV:NINJ3)
Graphique Historique de l'Action
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